O casamento de Michael e Flávia em Alcanede, Santarém (Concelho)
De noite Verão Branco 2 profissionais
M&F
17 Ago, 2019A crónica do nosso casamento
No dia antes chorei muito. Chorei e entrei numa espiral de nervos que mal me conseguia controlar. Mas não existe nada mais forte que a fé e foi a fé que nos deu um dos milagres mais lindos das nossas vidas.
A ideia era fazer tudo na rua, um casamento ao ar-livre. Vi-me obrigada a alugar uma tenda de última hora, pois o vento era tanto que dificilmente conseguiamos manter alguma coisa na rua, mas a tenda teria apenas 15x5m, a única disponível para montar a tempo, não dava nem para nada, apenas para servir de "corta-vento". Digamos que pedi tanto a Deus que me desse um dia de calor sem chuva, que me esqueci de pedir também sem vento. Tivemos de tomar uma decisão: tuda na rua ou levar tudo para dentro do pavilhão? Problema: 300 pessoas, num pavilhão que sabiamos dava para pouco mais de 250.
Para que percebam melhor os timings do evento, o nosso casamento era às 15h00 na igreja, às 17h00 chegámos ao local da boda com uma receção cheia de aperitivos e por volta das 19h30 jantávamos todos sentados à mesa, à meia noite abria o copo de água com mesa de mariscos e outros frios. O sítio escolhido para a boda: uma associação de caçadores aqui da terra que tinha um espaço exterior brutal, e um pavilhão - não tão especial - como uma mega cozinha industrial, que ajudava e muito, principalmente à carteira.
Continuar a ler »Decidimos então, poucas horas antes do derradeiro sim, que serviriamos a receção e aperitivos na rua independentemente do vento, nas mesas de pedra por baixo dos pinheiros, o jantar seria todo dentro do pavilhão e o copo de água seria na tenda, e a animação seria toda na rua, com uma pista de dança construida com um estrado de madeira que dias antes tinhamos pedido emprestado ao rancho folclórico da terra. Que fosse o que Deus quisesse. A frustação era muita é verdade, a rua estava tão linda cheia de luzes, e com um ambiente tão caloroso que me estava a custar muito ter de levar tudo para dentro do pavilhão, branco e sem graça porque uma tempestade de vento tinha decidido instalar-se ali nos últimos dias e levar tudo à frente. No entanto colocar 300 pessoas lá dentro estava a tornar-se um problema. Por persistência, ou muito cálculo, após as mesas dispostas pela trigésima quinta vez, haviam 302 lugares sentados dentro do edificio, e por incrivel que pareça até não estavam muito apertados. Ufa, menos uma. Mas como em todos os casamentos, existem imprevistos. Este foi apenas o maior e mais crítico de todos. Houveram mais alguns, mas que no final pensamos "há males que vêm por bem".
Crise nº 2: o transporte. Digamos que não foi crise nenhuma, até porque não iamos gastar dinheiro nestes pormenores, essa era certa. Um dos meus colegas de trabalho tem um carro clássico antigo, descapotável verde escuro, lindo, cedeu-me para eu poder ir em grande estilo até á igreja. Andei vaidosa o tempo todo só de imaginar. Dias antes, advinhem? Avariou. Problemas? Zero. Fui no carro topo de gama dos meus padrinhos também em grande estilo. Problem solved! No caso do Michael, um fim-de-semana antes uma colega nossa perguntou-nos se queriamos a bicicleta restaurada do pai dela para o Michael levar até à igreja. Ele aceitou na hora. Além disso, os colegas dele fizeram-lhe uma surpresa e levaram-no até ao sitio onde estava a bicicleta numa carrinha de caixa aberta mais velha que os nossos pais, também ela restaurada e toda enfeitada, gira demais. Acabou por ser muito giro e as fotos ficaram lindas.
Outra das crises: o coro da igreja. Os meus colegas da terra são todos, ou muitos deles, músicos. Disseram-me que tinham todo o gosto em animar a missa, mas precisavam de um coro. Mandei mensagens, contactei grupos de jovens, coros, grupos de catequese, ninguém podia, tudo de férias, então mandei mensagem ao meu querido e mega grupo "Amigas que me ajudam" onde tenho amigas, primas e outras familiares que me tinham ajudado ao longo de todo o casamento e pedi-lhes uma ajudinha: "Amigas preciso de gente para cantar na missa". Felizmente lá se organizaram, fizeram um mini ensaio e foi uma das cerimónias mais lindas e mais sentidas a que já assistimos. O Michael entrou com a mãe pelo braço ao som de "Marry Me" de Bruno Mars, eu entrei ao som de "Stand By Me" de Ben E. King com os meus dois pais, um de cada lado, tudo tocado e cantado ao vivo pelos meus colegas e pelo fantástico Paulo Holandês. Foi lindo. O sr. Padre aderiu a tudo (até deixou a nossa cadelinha entrar connosco na igreja), fez uma missa linda e cheia de significado, e toda a gente, mas toda a gente nos deu os parabéns pela cerimónia, de tão alegre e bonita que tinha sido. Afinal estava tudo a correr ainda melhor do que tinhamos imaginado.
Tirando todos estes imprevistos, a verdade é que o dia foi lindo. Todo à nossa imagem. Simples, amoroso e divertido.
De manhã acordei, tinha as minhas colegas (cabeleireira e make up artist) a ligar-me para saber onde era a casa, chegaram bem dispostas e divertidas, não fosse eu sempre a rainha da festa em todo o lado, o que as deixava ainda mais animadas. Já tinha as minhas primas e colegas à espera para se aprontarem. Se notar que nos dias antes a nossa casa encheu-se de gente, os meus primos, tias e a amigas juntaram-se para nos ajudarem em tudo, não fosse o nosso casamento mais "caseiro" que o normal. Desde montagem de luzes, estrados, ajuda nos arranjos florais etc andaram sempre connosco a apoiar-nos em tudo, foram incansáveis. Começamos os penteados e as maquilhagens. Todavia começou a apoderar-se de mim um estado de nervos, que só me davam vómitos e tremeliques. Entretanto chegou a fotógrafa fantástica. Ninguém me pressionou, ninguém me apressou, foi tudo calmo e no tempo certo, apesar do meu nervosismo. Ofereci um miminho à minha irmã, mãe, pai, padrinho e madrinhas, todos se emocionaram (eu também), foi um momento muito bonito. O Michael também ofereceu aos seus que também adoraram o gesto.
As minhas madrinhas e mãe ajudaram-me a vestir o vestido que era lindo de morrer, toda a gente dizia que tinha sido feito para mim. Entretanto apareceu a minha prima florista com o meu gancho de cabelo e ramo feitos de flores naturais, que estavam lindos de paixão. Tudo na hora certa, e por isso seguimos para a "mesa de saída" onde os convidados do meu lado, já estavam a petiscar e claro à minha espera. A mesma coisa aconteceu com o Michael no lado dele, mas em versão homem. Sim, dormimos separados nessa noite, eu em nossa casa, ele na casa do padrinho dele. De seguida, foi a cerimónia, que já vos disse, mas volto a repetir, foi linda, e depois seguimos para a boda. Fizemos uma curta paragem para tirar umas fotos, que anseio ver todas o quanto antes, e lá seguimos.
Infelizmente, e apesar do calor que se fazia sentir, quando chegámos o vento teimava em continuar, levantava-me o vestido, derrubava os copos das mesas, e as pessoas estavam sempre a piscar os olhos, do pó que teimava em entrar em todos os orificios do corpo. À entrada tinhamos duas pessoas do catering a entregar os leques às senhoras e os chapéus de palha aos senhores, que tinhamos decidido ser as lembranças do nosso casamento, na verdade não fizeram assim tanta falta, vento já havia, portanto os leques foram guardados nas malas e os chapéus só faziam era voar. Mesmo assim, mantivemos sempre a boa disposição e a calma e julgamos que, apesar de tudo, toda a gente tentou aproveitar o máximo da tarde e todos adoraram os brindes, até porque haviam cerca de 20 a mais de cada um e não sobrou nada.
Tirámos muitas fotos, naquele ambiente rural e de ventania constante, e no final começaram a convidar toda a gente a entrar no pavilhão, enquanto nós fomos mais uma vez para uma mini sessão de fotos.
Como vos disse o pavilhão era tudo menos especial, era pura e simplesmente um pavilhão branco, sem brilho, sem nada extraordinário. Quando entrámos, Oh meu Deus, balões de papel pendurados no teto, arranjos de flores a cair do céu, as mesas todas bem enfeitadas e arranjadas, estava irreconhecivel e lindo demais. Uma surpresa muito agradável que nos deixou bem mais descansados. Jantámos todos, com música de fundo, os convidados não paravam de nos vir visitar à mesa, o que nos facilitou, conseguimos comer sempre sentados e acabamos por não visitar mesa nenhuma porque toda a gente vinha ter connosco. As crianças começaram a ficar irrequietas e pedi à minha irmã e a uma das irmãs do Michael para distribuirem os brindes da miudagem (livros de atividades com lápis e afia). Foi bem "esgalhado" porque acalmaram na hora. Entretanto a luz falhou três vezes e o vento parece que ia arrancar com o teto do edificio, mas foi uma desculpa boa, porque assim toda a gente acendeu as velas de centro de mesa, o que deu um ambiente ainda mais giro e amoroso. Mais uma vez há males que vêm por bem.
Mesmo no final do jantar, vem uma das minhas grande amigas a correr na nossa direção "Amigos vocês são mesmo abençoados. Não há vento. Parou. Simplesmente nem uma aragem corre". Achei exagero, não coloquei as expectativas muito altas, pois o vento que estava e tinha estado durante aqueles dias, nunca tinha abrandado, muito menos parado. Naquele momentos chamaram-nos para o corte do bolo que era na rua, a meio do recinto para as fotos serem com ambiente das luzes quentes. Quando saímos pela porta, nem queriamos acreditar. Nem uma aragem, as luzes todas acesas, estáticas, os pinheiros nem mexiam, toda a gente na rua a conversar e a rir, os miúdos a correr de um lado para o outro. Um ambiente de amor imenso, quase que chorava de novo por ver que era mesmo real. Era este o nosso verdadeiro milagre.
Partimos o bolo para todos, com um sorriso incontrolável e só conseguiamos repetir "Mas que sorte, mas que sorte. Amo-te para sempre...". O Michael repetiu várias vezes "Tu merecias isto" e com um amor a brotar do peito que só me apetecia saltar de alegria e agradecer, agradecer estar viva.
O resto da noite foi pura magia. Dançámos, rimos, fizemos jogos, brincadeiras, toda a gente dançou, toda a gente pulou, foi divertido demais, estávamos todos felizes e o amor transbordava por todo o lado. Um final de dia perfeito que durou até às 5h da manhã.
Um milagre vindo dos céus que nos recompensou por nos amarmos tanto. O vento tinha mesmo parado para que até as estrelas pudessem brilhar com nitidez, naquela que foi a nossa noite, para celebrar o nosso grande amor.
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