Má experiência com o Grupo Vitor Cerqueira na Quinta da Tareca.
Escrevo esta review já depois de ter deixado as minhas ideias maturar um pouco, pois caso contrário, receio que o que tivesse a dizer fosse ainda pior.
De modo a poder comunicar da melhor forma aquilo que foi a nossa experiência, decidi organizar esta review em vários pontos que poderão conter informações importantes para pessoas que, eventualmente, possam considerar quintas do grupo Vitor Cerqueira para os seus casamentos, ou outros eventos.
Faço desde já o aviso que o que vou mencionar neste texto deriva da nossa experiência pessoal e não quer dizer que aconteça com todas as pessoas que contactarem este grupo. No entanto, alguns sinais do que nos aconteceu poderiam ter sido detetados noutras reviews como esta se nós tivéssemos prestado mais atenção.
• Falta de transparência e honestidade; Atitudes predatórias:
Eu e a minha mulher decidimos visitar as quintas do grupo Vitor Cerqueira quando estávamos à procura de um local para celebrar o nosso casamento. Quando entrámos em contacto com o grupo fomos atendidos pela planeadora (nome da qual não irei mencionar, pois não tenho intenção de meter o trabalho de ninguém em causa) que à partida nos pintou um cenário bastante positivo do que poderia ser a nossa experiência caso escolhêssemos uma das quintas que tinham disponíveis.
Decidimos optar pela Quinta da Tareca. A quinta é moderna e com uma vista desafogada para a serra de Sintra. Até ao momento de assinarmos o contrato, tudo era possível. Este discurso rapidamente mudou depois de pagarmos o sinal e ficarmos vinculados à quinta. Para contextualização, foi pedido um sinal de 1500 euros, com a agravante de uma indeminização de 3500 euros caso decidíssemos quebrar contrato.
Quando estávamos a rever o contrato houve algumas coisas que deveríamos ter tido mais em consideração, mas, como estávamos com a euforia de dar este passo na preparação do nosso casamento, não o fizemos devidamente. Em primeiro lugar, nenhuma das quintas deste grupo permite que os convidados levem a comida que sobrar para casa. A justificação que nos deram foi que era por causa da ASAE (porque as pessoas não tinham veículos refrigerados para levar a comida). No entanto, também confidenciaram em conversa que aproveitavam a comida para alimentar toda a staff. Levar as sobras dos casamentos é algo que é feito com frequência e que já experienciei noutros casamentos, neste grupo não é possível porque o objetivo será alimentar a staff. Seguidamente, o outro aspeto a ter em consideração é que todas as quintas encerram à meia-noite. Isto é, às onze é feito o corte do bolo e depois começam a arrumar. A justificação dada pela planeadora foi que como estavam na serra de Sintra não podiam ficar abertos até mais tarde. Compreendo que o grupo possa estar limitado por este aspeto, mas não deixa de ser algo a ter em consideração.
• Falta de comunicação e acompanhamento:
Passando ao próximo ponto, a planeadora que nos acompanhou durante todo o processo fez tudo exceto isso mesmo, acompanhar. No início, antes de assinar contrato, tudo era dito na ótica de que os noivos não se têm de preocupar. Ora, se nós estivéssemos à espera de que nos contactassem seja para o que for, não tínhamos feito absolutamente nada. Tivemos de andar constantemente atrás dela para nos esclarecer sobre tudo e mais alguma coisa, porque depois do sinal e assinatura do contrato, deixámos de ser prioridade. Um dos muitos exemplos, foi o facto de termos pedido o contacto da decoradora que trabalha com a quinta para pedir um orçamento e nunca nos ter sido enviado até hoje. Esta falta de comunicação e compreensão leva-me ao próximo ponto.
• Incompetência:
A palavra incompetência poderá parecer um pouco extrema, contudo, depois do que nós passámos, poderá ficar ainda um pouco aquém do que seria justo.
Uma das nossas preocupações quando estávamos à procura de uma quinta foi o facto de fazerem comida para pessoas com alergias alimentares. Eu tenho uma alergia alimentar grave à proteína do leite de vaca (isto inclui leite e seus derivados bem como qualquer vestígio); grave ao ponto de uma simples contaminação cruzada ser o suficiente para induzir um choque anafilático, que por sua vez poderá culminar em morte. Isto foi um facto que foi explicado à planeadora logo desde início, e foi-nos assegurado que não haveria qualquer problema, pois a eles estavam habituados a lidar com alergias alimentares. Dado a gravidade do assunto, nós fizemos questão que este dado ficasse mencionado no contrato.
Contudo, e apesar de todo o cuidado que nós tivemos em explicar minuciosamente, todos os perigos e cuidados associados, isto não evitou que cometessem um erro inaceitável e injustificável. A única vez que entraram em contacto connosco sem que fossemos nós a iniciar o contacto, foi para marcar a prova do menu. Face a esta situação a minha mulher falou com a planeadora com o propósito de reforçar a gravidade da situação para que tudo corresse bem na prova. A minha mulher ficou preocupada com a potencial contaminação cruzada com alimentos que contivessem leite e seus derivados nas outras ementas dos outros casais. A planeadora assegurou que não haveria problema, mas que se quiséssemos a garantia total teríamos de cobrir o custo da refeição de todos os outros casais para que fossem feitas sem leite. Voltámos a perguntar se conseguiriam, pelo menos, garantir a segurança da nossa prova e a resposta foi positiva e, uma vez mais, não se preocupem com nada. A prova foi feita para vários casais que iam celebrar os seus casamentos nas diversas quintas. Quando os pratos foram servidos a minha mulher questionou se não tinham nada com leite. O bacalhau com natas, em vez de utilizarem alternativas vegetais como as natas de soja, foi feito com leite. A sopa tinha caldo Knorr, com leite. A farinheira que utilizaram tinha leite. A pera bêbada tinha chocolate polvilhado por cima. Ou seja, todos os pratos da ementa tinham o potencial de me induzir um choque anafilático que poderia levar à minha morte, se não fosse tratado com a devida urgência (que poderia muito bem não ser, porque a quinta em questão era isolada). Por um mero acaso, eu não pude estar presente nesta prova e pedi ao meu padrinho para me substituir, caso contrário, poderia ter tido um resultado trágico. Dado tudo isto, e todo o destaque que nós demos à questão da alergia, tendo mencionado que produtos poderiam ser de risco e dando uma lista de alternativas, mesmo assim não foi o suficiente para levarem esta questão a sério. Por isso, incompetência é a mais agradável das palavras que me surge para descrever esta situação. Todavia, faço a ressalva que no dia do casamento, não houve problemas com a comida em termos de alergias. Houve outros problemas que descreverei mais à frente.
• Falta de flexibilidade;
Tendo em consideração a dimensão do presente texto, vou tentar ser mais sucinto nos próximos pontos.
Houve uma enorme falta de flexibilidade por parte da quinta para acomodar os nossos pedidos. Como mencionei anteriormente, nós quisemos fazer a decoração autonomamente e não contratar a decoradora do grupo. Consequentemente, isto significou que precisávamos de acesso à quinta para podermos montar o que queríamos meter. Inicialmente, tudo indicava que fosse possível aceder à quinta no dia anterior para montar a decoração. Contudo, e a menos de 15 dias do casamento, disseram que não o poderíamos fazer. Quando questionados acerca dos motivos para este impedimento, dado que não havia nada marcado para a data do dia anterior, foram nos dadas duas razões. Primeiramente, para podermos ir lá fazer a decoração, eles tinham que dispensar uma pessoa para estar na quinta e isso não era aceitável porque “tempo é dinheiro”. Em segundo lugar, disseram que poderiam ter de marcar um evento de última hora (Eventos estes que poderiam ser, a titulo de exemplo, o dono do grupo fazer um jantar de amigos, ou família, se lhe apetecesse). Compreendo perfeitamente que este tipo de empresas estejam híper focados em lucrar. Mas do lado do cliente, isto certamente não caí bem. Ainda para mais, quando no início deram a entender que seria possível, só para depois estarmos dependentes dos caprichos do dono da empresa. Conclusão, tivemos de contratar uma empresa para ir lá no dia do nosso casamento, durante a manhã para montar as coisas. Tal como houve dificuldade para montar, para desmontar foi exatamente o mesmo problema.
• Falta de opções:
Sentimos que houve uma enorme falta de opções que limitaram muito o que poderíamos fazer no casamente. No que toca à decoração, os atoalhados, que são oferecidos no pacote da quinta (bem como as louças), que tínhamos à disposição eram poucos e os que existiam eram diferentes demais. Cores que seria de esperar que fossem básicas para este tipo de eventos como, bordô, dourado, verde-escuro, não existiam. Em vez disso, existiam cores menos habituais para casamentos, como verde-alface, rosa-choque ou, a minha preferida para casamentos e outros eventos, castanho. Talheres só os prateados e copos só transparentes, ou uns copos amarelos de plástico a imitar vidro que estavam baços com um ar sujo.
No que toca à comida, e por causa das minhas restrições alimentares, para além do menu, só podia comer fruta. Tive de levar comida para o meu próprio casamento porque, esta quinta que sabe lidar com alergias alimentares, resolveu o assunto com fruta. Isto apesar de termos falado com a planeadora que tipos de comida poderiam existir e até de meter alguns à parte sem leite para que pudéssemos comer.
• Má gestão e planeadora vs. Staff simpático:
Relativamente a este último ponto, vou ser breve. A planeadora do nosso casamento que contactou connosco desde o início e que, supostamente, acompanhou o processo, fez um mau trabalho. Houve falhas graves na comunicação resultantes da sua falta de compreensão, falta de comunicação em geral (já que estamos a contratar um serviço seria agradável não termos de ser nós a andar atrás da pessoa que deveria estar a tratar do processo), foi rude em certas instâncias, deu a entender que poderíamos fazer coisas que depois disse não serem possíveis, alegando que sempre foi honesta. No geral uma experiência que não poderia recomendar a ninguém, daí não mencionar o seu nome especificamente, para não colocar o seu trabalho em questão, na espectativa que veja esta review, se aperceba que é dela de quem estou a falar e tome atitudes diferentes no futuro com outros clientes. Todavia, posso tirar desta review uma nota positiva, e isso foi a staff no próprio dia, que foi mais agradável e cordial, com destaque para o chefe de sala, o Marcelo, que me sinto à vontade em identificar pois o seu trabalho e acompanhamento foi impecável.
Em suma e relativamente à nossa experiência na quinta da Tareca e com o Grupo Vitor Cerqueira, a quinta é bonita e o staff no dia foi simpático. No entanto, têm problemas com alergias alimentares? Não contratem esta quinta. Querem que o processo da preparação seja algo tranquilo? Não contratem esta quinta. Querem ficar a festejar até mais tarde? Não contratem esta quinta. Querem levar a comida que sobrar para casa, em vez de alimentar o satff? Não contratem esta quinta. Querem opções? Contratem uma decoradora externa e um serviço de catering externo, mas não contratem esta quinta. Querem ser uma prioridade e ser tratados com respeito? Não contratem esta quinta. Na minha opinião, partindo da experiência que tive, não contratem esta quinta.
Contudo, se mesmo assim decidirem contratar qualquer uma das quintas deste grupo, deixo algumas sugestões de forma a proteger-vos e salvaguardar os vossos interesses de intenções mais predatórias deste grupo que parece querer garantir o sinal e o contrato e depois largar para ir procurar a próxima vítima. Primeiramente, pensem em tudo o que possa ser do vosso interesse e coloquem essas questões à partida e certifiquem-se que elas ficam mencionadas no contrato que vão assinar (por exemplo se quiserem montar alguma estrutura na quinta). Não contém com a ajuda da planeadora para nada e preparem-se atempadamente.
Apesar de isto tudo, e não graças à quinta e grupo Vitor Cerqueira, o nosso dia de casamento correu muito bem graças ao esforço de equipa do chef, do staff e do chefe de sala. De salientar ainda que o DJ que estava vinculado à quinta foi excelente e recomendo vivamente para contratarem para outras quintas (o nome é DJ Arny).
Mais uma vez gostaria de relembrar que isto é uma avaliação subjetiva da experiência que nós tivemos. Certamente, outras pessoas podem ter tido mais facilidade nos seus casos.
Peço desculpa pela review longa, mas estas coisas têm de ser ditas para as pessoas não irem ao engano a pensar que vai correr tudo bem; por vezes não corre.
Espero que isto possa ser útil para alguém e desejo-vos sorte na busca de um local para o vosso evento, seja dentro deste grupo ou, esperançosamente, noutro.
Votos de que corra tudo bem!